A Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana (1). É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens (2). Sendo Deus seu verdadeiro autor, foi escrita por homens inspirados e dirigidos pelo Espírito Santo (3). Tem por finalidade revelar os propósitos de Deus, levar os pecadores à salvação, edificar os crentes e promover a glória de Deus (4). Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina (5). Revela o destino final do mundo e os critérios pelos quais Deus julgará todos os homens (6). A Bíblia é autoridade única em matéria de religião, fiel padrão pelo qual devem seu aferidas a doutrina e a conduta dos homens (7). Ela deve ser interpretada sempre à luz da pessoa e dos ensinos de Jesus Cristo (8).
(1) Sl 119.89; Hb 1.1; Is 40.8; Mt 24.35; Lc 24.44,45; Jo 10.35; Rm 3.2; I Pe 1.25; I Pe 1.21.
(2) Is 40.8; Mt 22.29; Hb 1.1,2; Mt 24.35; Lc 24.44,45; 16.29; Rm 16.25,26; I Pe 1.25.
(3) Ex 24.4; II Sm 23.2; At 3.21; II Pe 1.21.
(4) Lc 16.29; Rm 1.16; II Tm 3.16,17; I Pe 2.2; Hb 4.12; Ef 6.17; Rm 15.4
(5) Sl 19.7-9; Sl 119.105; Pv 30.5; Jo 10.35; 17.17; Rm 3.4; 15.4; II Tm 3.15-17.
(6) Jo 12.47.48; Rm 2.12,13.
(7) II Cr 24.19; Sl 19.7-9; Is 34.16; Mt 5.17,18; Is 8.20; At 17.11; Gl 6.16; Fp 3.16; II Tm 1.13.
(8) Lc 24.44,45; Mt 5.22,28,32,34,39; 17.5; 11.29,30; Jo 5.39, 40; Hb 1.1,2; Jo 1.1,2,14.
[Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira, 1986, Artigo I]
A NECESSIDADE DAS ESCRITURAS
Seu conteúdo é a verdade, sem mescla de erro e por isso é um perfeito tesouro de instrução divina.
Que é a verdade? Perguntou Pilatos em João 18:38. Jesus já tinha respondido aos Seus discípulos: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (Jo 14:6). O mesmo Jesus também tinha dito do Pai celestial: a Tua palavra é a verdade (Jo 17:17). E Jeremias tinha dito: o Senhor Deus é a verdade (Jr 10:10).
De fato, se Deus é onisciente (isto é, sabe todas as coisas - 1Jo 3:20) e não pode mentir (Tt 1:2), tudo que Deus fala é verdade absoluta. Assim, a maneira de eu conhecer a verdade é receber a Palavra que Deus falou. Qualquer afirmação que não possa retroceder por dedução à Palavra de Deus é falível, não podemos saber se é verdade. Enquanto que toda afirmação que possa corretamente ter a Palavra de Deus como base, certamente é verdade.
Precisamos então, para saber o que é a verdade, encontrar a Palavra de Deus. Onde ela está? Deus no-la manifestou em uma Revelação Verbal de diversas maneiras desde a Criação do mundo, mas especialmente por meio de mensagens verbais dadas por Seus servos e encarnada na vida de Jesus Cristo.
A ORIGEM DAS ESCRITURAS
No Antigo Testamento, Deus falou pelos profetas (Hb 1:1), e no Novo Testamento, pelo Filho (Hb 1:1), cuja doutrina foi confiada aos apóstolos. Assim, quando a Bíblia diz que a igreja foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas (Efésios 2:20), ela não se refere somente aos seus trabalhos, mas também ao seu testemunho e sua doutrina, que chegam para nós por meio dos seus escritos. Então os escritos produzidos sob a autoridade apóstólica ou profética é que constituirão essa Bíblia da igreja de Cristo.
De fato, das palavras dos profetas a Escritura diz: o Senhor falou pelo ministério de seus servos, os profetas (2Rs 21:10); não deram ouvidos às minhas palavras, diz o Senhor, mandando-lhes eu os meus servos, os profetas, madrugando e enviando; mas vós não escutastes, diz o Senhor (Jr 29:19).
E das palavras dos apóstolos Jesus disse: Quem vos ouve a vós, a Mim me ouve (Lc 10:16); e o apóstolo Paulo diz: Cristo fala em mim (2Co 13:3) e as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor (1 Co 14:37).
A Bíblia é a Palavra de Deus em linguagem humana. É o registro da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens.
“Bíblia” é a coleção de livros sagrados do Cristianismo. Nós, os cristãos, os consideramos sagrados porque cremos que ela “é a Palavra de Deus em linguagem humana”. Ou seja, “é o registro” em forma de texto escrito, “da revelação que Deus fez de si mesmo aos homens”, da Palavra que Deus nos falou sobre Si. A Bíblia falando, é Deus falando. O livro sagrado é uma transcrição da voz divina.
Toda a Escritura é divinamente inspirada (2 Tm 3:16), isto é, soprada por Deus, como nós, ao falar, expiramos o ar dos pulmões e o articulamos em palavras por meio das cordas vocais e da boca, é exatamente assim que é descrito o sentido da inspiração divina, que é Deus falando, realmente, as exatas palavras que constam na Escritura. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (2Pe 1:21).
Lemos: tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti (Gl 3:8), onde se diz que a Escritura evangelizou a Abraão, dizendo ‘todas as nações serão benditas em ti’, mas quando conferimos o texto, é Deus quem está falando com Abraão: “diz o Senhor: (...) em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; (Gn 22:16-18), portanto o texto de Gálatas 3:8 equivale o que Deus fala com o que a Escritura fala.
A CONFIRMAÇÃO OBJETIVA DAS ESCRITURAS
A estes servos de Deus, tanto os profetas como os apóstolos, e em especial o nosso Senhor Jesus Cristo, também aprouve a Deus credenciar por meio de previsões do futuro que se cumpriram fielmente e por milagres operados por suas mãos: E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra. E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado por profeta do Senhor (1Sm 3:19,20); E o Senhor ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu. E Elias tomou o menino, e o trouxe do quarto à casa, e o deu a sua mãe; e disse Elias: Vês aí, teu filho vive. Então,a mulher disse a Elias: Nisto conheço, agora, que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade (1Rs 17:22-24); Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós, com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas (2Co 12:12); Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras. (Jo 14:10,11). Tais fatos foram selos divinos adicionais sobre a inspiração divina desses ministérios, e por consequencia, de que as palavras que eles falavam em nome de Deus, por fim registradas nos textos sagrados, de fato eram divinas.
A CONFIRMAÇÃO SUBJETIVA DAS ESCRITURAS
Além desse credenciamento dos autores humanos da Escritura, temos, porém, uma confirmação indivual e particular mais importante sobre ela. Porque ao nos fazer cristãos, Deus simultaneamente nos deu a crença na Sua Palavra, e a crença que essa Palavra está registrada na Bíblia. Como diz Efésios 1:19, cremos, segundo a operação da força do Seu poder. Em primeiro lugar, e antes de tudo, o poder de Deus tem que operar em nossos corações, em nossa conversão, dando-nos a fé nEle e na Sua Palavra. A partir de então, somos capacitados a reconhecer a Palavra de Deus na coleção das Escrituras Sagradas, a Bíblia. Esse reconhecimento se dá, porque Deus usou a mesmíssima Palavra registrada na Escritura como o instrumento principal para nos converter a Ele.
Então é um pacote fechado, onde vem tudo junto: ouvimos a Palavra registrada na Escritura, por meio dela Deus opera em nossos corações, nos dando a fé nEle e no Seu evangelho (Rm 10:17), e incluído e confirmado nessa conversão e fé está o nosso apego à Escritura, registro da Palavra, como tendo origem divina, por termos experimentado o efeito dela em nossas vidas.
Da mesma forma, quanto aos que ainda não foram convertidos, é normal e esperado que eles não reconheçam a Escritura como Palavra de Deus, pelo exato fato que ainda não se reconciliaram com Deus, e portanto não ouvem a voz dEle por meio da mesma: Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus (Jo 8:47); As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem (Jo 10:27).
É importante pontuar isso, pois se invocarmos outro motivo para crermos que a Bíblia é a Palavra de Deus, a não ser a obra do próprio Deus em nós quando Ele nos converte, estaremos criando algum critério maior que Deus. Mas Deus, por definição, não tem outro maior que Ele (Hb 6:13), e sendo a maior autoridade que existe, Sua Palavra não pode ser autenticada por ninguém a não ser por Ele mesmo. Isso Ele faz em nosso coração quando Sua Palavra opera em nós, e assim nós a recebemos, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) como palavra de Deus (1Ts 2:13).
O REGISTRO DAS ESCRITURAS
É claro que enquanto o Senhor Jesus, os profetas ou os apóstolos estavam fisicamente na terra, os ensinos inspirados que eles proclamavam com suas vozes eram a Palavra de Deus daquela época, e estava com eles a Palavra do Senhor (2Rs 3:12). Porém, tendo eles sido tirados fisicamente deste mundo, tais ensinos precisavam ser preservados para continuidade das operações salvadoras que Deus queria realizar por meio deles.
O meio designado pela providência de Deus para essa preservação foi o registro por escrito. Reparamos que o próprio Deus é quem mandou que Suas palavras fossem assim preservadas para a edificação do Seu povo:
Então, disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim, ao monte, e fica lá; e dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para os ensinares (Ex 24:12).
Sucedeu, pois, no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, que veio esta palavra do Senhor a Jeremias, dizendo: Toma o rolo de um livro e escreve nele todas as palavras que te tenho falado sobre Israel, e sobre Judá, e sobre todas as nações, desde o dia em que eu te falei a ti, desde os dias de Josias até hoje. Ouvirão, talvez, os da casa de Judá todo o mal que eu intento fazer-lhes, para que cada qual se converta do seu mau caminho, e eu perdoe a sua maldade e o seu pecado (Jr 36:1-3).
Então, o Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa (Hb 2:2).
O que vês, escreve-o num livro e envia- o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodiceia (Ap 1:11).
A PRESERVAÇÃO DAS ESCRITURAS
Uma vez tendo ordenado o registro da Sua Palavra em forma de Escritura, o próprio Deus tem diretamente atuado na preservação da mesma, como vemos nos episódios da provisão de novas cópias, quando as originais tinham sido destruídas:
Então disse o SENHOR a Moisés: Lavra duas tábuas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste.
Êxodo 34:1
Então veio a Jeremias a palavra do Senhor, depois que o rei queimara o rolo, com as palavras que Baruque escrevera da boca de Jeremias, dizendo:
Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro rolo, que queimou Jeoiaquim, rei de Judá.
Jeremias 36:27,28
O mesmo Deus também tem prometido que preservaria a Palavra revelada para sempre, o que, aplicado ao meio provido por Deus para isso, as Escrituras Sagradas, deve ser também aplicada às mesmas Escrituras, que Deus também as preservaria continuamente e para sempre, mantendo-as disponíveis ao Seu povo:
Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca nem da boca da tua descendência, nem da boca da descendência da tua descendência, diz o Senhor, desde agora e para todo o sempre. Isaías 59:21
Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente.
Isaías 40:8
O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.
Mateus 24:35
Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.
Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva.Secou-se a erva, e caiu a sua flor;
Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.
1 Pedro 1:23-25
Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente. Isaías 30:8
E também notamos que tais escrituras deveriam, por ordem de Deus, ser copiadas, preservadas e continuamente lidas, e isso para que a Palavra de Deus nelas registrada fosse renovadamente proclamada aos homens e tivesse seu efeito salvador.
Será também que, quando se assentar sobre o trono do seu reino, então, escreverá para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos sacerdotes levitas. E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer ao Senhor , seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para fazê-los. (Dt 17:18,19)
E deu-lhes ordem Moisés, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo determinado do ano da remissão, na Festa dos Tabernáculos, quando todo o Israel vier a comparecer perante o Senhor , teu Deus, no lugar que ele escolher, lerás esta Lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos. Ajunta o povo, homens, e mulheres, e meninos, e os teus estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam, e aprendam, e temam ao Senhor , vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta Lei; e que seus filhos que a não souberem ouçam e aprendam a temer ao Senhor , vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra, a que ides, passando o Jordão, para possuí-la (Dt 31:10-13).
Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos (1Ts 5:27).
E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses; e a que veio de Laodiceia, lede-a vós também (Cl 4:16).
Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo (Ap 1:3).
Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará (Sl 1:2,3).
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