Culto clandestino e secreto dos anabatistas num barco.
Lição 4 - Disciplina - VÍDEO AQUI
Tema: Zelando pela santidade uns dos outros.
Divisa: Se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, (...) encaminhai o tal com espírito de mansidão (Gl 6:1).
“Os anabatistas (...) insistiam que a disciplina, efetivada de acordo com a instrução de Jesus em Mateus 18.15-18, era uma marca indispensável da igreja verdadeira”. (...) Um de seus líderes, Menno Simons, declarou, porém, que ela tem propósito corretivo, esperando que os excluídos “‘fiquem apavorados com essa exclusão e, assim, sejam levados ao arrependimento, para buscar união e paz e, com isso, ser libertados, perante o Senhor e sua igreja, das ciladas satânicas de suas porfias, ou de suas vidas perversas’. Os três estágios de admoestação fraternal ordenados em Mateus 18 eram seguidos pacientemente antes que o ato severo da exclusão fosse concretizado. Ademais, pelo menos em teoria, a exclusão formal era somente uma confirmação social de uma separação de Cristo que já havia ocorrido no coração do membro impenitente: ‘Ninguém é excomungado ou expulso por nós da comunhão dos irmãos, senão aqueles que já se separaram e se excluíram da comunhão de Cristo, seja por doutrina falsa, seja mediante conduta inadequada. Pois não queremos excluir ninguém, mas sim receber; não amputar, mas sim curar; não abandonar, mas sim trazer de volta; não angustiar, mas sim consolar; não condenar, mas sim salvar’ ”(1).
4.1 - O QUE É A DISCIPLINA DA IGREJA?
É um dever bíblico de promoção da santificação dos cristãos:
As Igrejas neotestamentárias (...) praticam a disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pelas palavras de Deus, sob a orientação do Espírito Santo; (...) Às igrejas cabe cuidar do doutrinamento adequado dos crentes, visando à sua formação e desenvolvimento espiritual, moral e eclesiástico. (Declaração Doutrinária da CBB, Arts 8 e 14) (2).
A Igreja (...) é uma fraternidade de crentes em Jesus Cristo, que (...) voluntariamente se uniram para (...) a disciplina mútua. (...) Embora não se admita coação no terreno religioso, o cristão não tem a liberdade de ser neutro em questões de consciência e convicção (...) A Igreja e o cristão, individualmente, têm a obrigação de opor-se ao mal. (...) Tal crítica visará ao desenvolvimento à maturidade cristã. (Princípios Batistas da CBB, Arts 4.1, 2.2, 4.6, 5.9).
Comprometemo-nos a, auxiliados pelo Espírito Santo, andar sempre unidos no amor cristão; trabalhar para que esta Igreja cresça (...) na santidade, no conforto mútuo e na espiritualidade; manter (...) sua disciplina; (...) evitar e condenar todos os vícios; (...) evitar a detração, a difamação e a ira, sempre e em tudo visando à expansão do Reino do nosso Salvador. Além disso, comprometemo-nos a ter cuidado uns dos outros (...) cultivar relações francas e a delicadeza no trato; estar prontos a perdoar as ofensas, buscando, quando possível, a paz com todos os homens. (Pacto das Igrejas Batistas) (3).
4.2 - QUAIS AS BASES BÍBLICAS DESSE CONCEITO?
4.2.1 - A Bíblia ensina que os cristãos devem, para zelo e incentivo do progresso moral que honra a Deus e faz jus ao nome de Jesus que sobre eles é invocado, exercerem a disciplina educativa e corretiva em toda instância a que tiverem autoridade, em primeiro lugar e fundamentalmente sobre si mesmos, e em segundo lugar às tarefas que lhe são delegadas por suas posições e vocações em sua família, comunidade, profissão e sociedade, sem usurpar o que é de responsabilidade de outros (autodisciplina - 1Co 11:31; disciplina dos filhos - Ef 6:4; disciplina na sociedade - 1Pe 2:14).
4.2.2 – A autoridade de Cristo é que ordena a disciplina e o Espírito Santo foi dado à igreja também para guiá-la nessa prática. O texto de Mt 18:20, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles, fala primeiramente das decisões que dois ou três crentes têm que tomar em nome de Cristo no processo de disciplina, no qual, Cristo garante, Ele se faz presente. Jo 20:22,23 também diz: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos, ou seja, o envio do Espírito Santo está ligado à capacitação e autorização da igreja para que lide com os pecados das pessoas, dentro da vivência do Evangelho. E sobre esse dever a igreja não pode se omitir, sob pena de consequências piores: Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? (1Co 5:6).
4.2.3 - Na comunhão da igreja, porém, todos são iguais e igualmente sujeitos à exortação e repreensão mútua, motivada pelo amor, conforme lemos em: E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano (Mt 18:14-17). Ou seja, a disciplina é de todos para todos: todos os crentes devem disciplinar todos os crentes. Em Mt 18:15-20, não vemos nenhum tipo de distinção entre os membros, nem em parte alguma do Novo Testamento. A única hierarquia que temos na igreja é a hierarquia numérica: a opinião de dois ou três irmãos é mais influente que a opinião de um só irmão; e a opinião de toda a igreja é mais influente que a opinião de dois ou três irmãos.
4.2.4 - Somos proibidos de difamar nossos irmãos por causa dos seus erros: Irmãos, não faleis mal uns dos outros (Tg 4:11). Portanto o tratamento do pecado deverá ser feito com toda cautela e amor: Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo (Gl 6:1,2). A atitude do crente e da igreja na disciplina é de curar, não de julgar. A melhor comparação do trabalho de disciplina não é com o trabalho de um juiz, nem o de um policial, ou promotor, ou jurado, ou carrasco. O crente que vai disciplinar o outro atua como médico. O médico não julga, apenas se oferece para ajudar. O seu coração deve estar regado de amor pelo irmão. E no processo, conduzido desta forma, fica bem claro para o ofensor que enquanto ele está lutando interiormente contra o pecado, estamos lutando junto com ele, e em nossa imperfeição, nós mesmos temos nossas lutas (Mt 7:3-5). Uma maneira de resumir essa cautela seria, sobre nosso irmão que errou: não fale dele, fale com ele.
4.3 - QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DESSE CONCEITO?
4.3.1 - Devemos seguir com literalidade as instruções diretas de Jesus sobre como a igreja deve lidar com o pecado dos seus membros, e exercer o primeiro estágio da disciplina: se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; (Mt 18:15), da seguinte forma: ao identificar pecado em crença ou prática de nosso irmão (2Tm 2:24-26; Gl 6:1), membro da mesma igreja local (Mt 18:17), pecado que não seja leve, pequeno, nem superficial (caso em que deveria ser prontamente perdoado - Cl 3:13), nem é mero boato, sendo testemunhado por nós presencialmente (2Co 13:1), nem é questão de liberdade cristã (cf. Rm 14), mas pode ser claramente apontado como errado pelas Escrituras do Novo Testamento (1Co 4:6; 1Pe 4:11); em atitude de curar, não de julgar (Mt 7:1-5; Tg 5:19,20), com amor, tato, respeito, discrição, mansidão e humildade, podemos, após decidir isso em oração, procurar tal irmão para uma conversa particular e secreta, na qual, nos colocando como também pecadores e falhos, nos oferecemos para ajudá-lo a entender que sua crença ou atitude é biblicamente errada, e após mostrar na Escritura a contradição com o seu pecado, convidá-lo ao arrependimento e abandono do mesmo, estando dispostos também a ouvir sua explicação, podendo insistirmos na continuidade dessas conversas até que ele se arrependa ou se recuse a falar desse assunto. Se ele se arrepender, ganhamos nosso irmão. Se não ouvir-nos, passamos ao segundo estágio.
4.3.2 - No segundo estágio, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada (Mt 18:16;), com as mesmas atitudes, sentimentos e motivações do estágio anterior, chamamos uma ou duas testemunhas, membros da mesma igreja local, imparciais, discretos, maduros, justos, neutros em relação ao disciplinante e disciplinado, preferencialmente consagrados ao ministério pastoral, testemunhas cujo parecer e orientação seriam a priori aceitas por ambos, para em nova conversa particular e secreta, presentes somente as exatas três ou quatro pessoas, repassar os eventos do primeiro estágio da disciplina, com oportunidade para disciplinante e disciplinado falarem, e ao final as testemunhas darem seu parecer de reforço da exortação ou sugestão de solução alternativa, podendo insistirmos na continuidade dessas conversas até que ele se arrependa ou se recuse a falar desse assunto. Se ele se arrepender, ganhamos nosso irmão. Se não ouvir-nos, passamos ao terceiro estágio.
4.3.3. - No terceiro estágio, se não as escutar, dize-o à igreja (Mt 18:17), com as mesmas atitudes, sentimentos e motivações dos estágios anteriores, propomos, o disciplinante e as testemunhas concordando, convocar a igreja, para em nova conversa particular e discreta, presentes somente membros da igreja local, repassar os eventos do primeiro e segundo estágio da disciplina, com oportunidade para disciplinante, disciplinado e testemunhas falarem, e ao final a igreja dar seu parecer de reforço da exortação ou sugestão de solução alternativa, podendo insistir na continuidade dessas reuniões até que o disciplinado se arrependa ou se recuse a falar desse assunto. Se ele se arrepender, ganhamos nosso irmão. Se não ouvir-nos, passamos ao quarto estágio.
4.3.4. - No quarto estágio, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano (Mt 18:17), com as mesmas atitudes, sentimentos e motivações dos estágios anteriores, a igreja, tendo entendido haver falta de arrependimento e mudança do disciplinado no assunto extensamente tratado, com oportunidade de ampla defesa do mesmo, recapitulando os eventos dos estágios anteriores, propõe e aprova oficialmente e solenemente sua exclusão do rol de membros da igreja, extinguindo todos os seus direitos, privilégios, cargos e deveres de membro. O excluído, porém, não é proibido de meramente assistir os trabalhos públicos da igreja, e deve continuar sendo alvo das orações, visitas e exortações de seus irmãos, até que se arrependa e mude de atitude, o que, se ocorrer, nos levará ao quinto estágio.
4.3.5. - No quinto estágio, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca (Mt 18:14), com as mesmas atitudes, sentimentos e motivações dos estágios anteriores, quando a igreja recebe do excluído uma solicitação de reconciliação, e o ministério pastoral ou comissão designada pela igreja para considerar a solicitação, tendo entendido haver arrependimento e mudança do disciplinado no assunto pelo qual foi excluído, propõe, discute e aprova oficialmente e solenemente sua readmissão ao rol de membros da igreja e restabelecimento dos seus direitos, privilégios e deveres de membro. A recepção de cargos para o mesmo, porém, é facultada à autorização da igreja, sobre em que momento futuro pode ou não ser reabilitada e sob quais critérios. Ainda assim, o reconciliado é plenamente reconsiderado irmão em Cristo, e a igreja pode se regozijar de tê-lo ganhado e restaurado à comunhão com ele.
4.3.6 - Se o pecado a ser disciplinado também é um crime, seja de grave perturbação da ordem social, seja contra a integridade física, vida ou propriedade, tais atos não somente devem ser alvo da disciplina eclesiástica, como também podem ser denunciados às autoridades seculares para o devido processo legal contra o criminoso (1Pe 2:13,14; Rm 13:1-7). Porém se o nosso irmão comete ato que nossa sociedade criminaliza, mas o Novo Testamento não, seus direitos de membro da igreja permanecem intactos.
4.4 - QUE OUTRAS QUESTÕES PODEM SER LEVANTADAS PARA APROFUNDAMENTO DESTE TEMA?
4.4.1 - Muito se tem criticado a prática da exclusão das igrejas pelo fato dela costumar focar-se somente nos pecados sexuais. A melhor resposta para isso seria omitir totalmente a prática da disciplina, ou começar a ampliar a disciplina para outros tipos de pecados?
4.4.2 - No texto de Mt 18:15-20 é deixado claro que a hierarquia na igreja de Cristo é da igreja inteira, e não dos líderes, estando eles mesmos sujeitos a um processo de disciplina se for o caso, pois a disciplina é responsabilidade de toda a igreja. Porém verificamos que na maioria das vezes as igrejas concentram a tarefa da disciplina somente para os pastores, e não disciplinam os pastores. Quais seriam as causas desse costume? São as estruturas e tradições das igrejas que têm deixado os pastores fora do alcance do procedimento bíblico da disciplina?
FIGURA:
<http://rijksmuseumamsterdam.blogspot.com/2011/10/jan-luyken-pieter-pietersz-bekjen.html> (27/09/21).
REFERÊNCIAS:
1 - GEORGE, T. Teologia dos Reformadores. Ed. Vida Nova, 1993. pp. 293-295.
2 - <http://www.convencaobatista.com.br/siteNovo/pagina.php?MEN_ID=22> (14/08/2021).
3 - <http://www.convencaobatista.com.br/siteNovo/pagina.php?MEN_ID=23> (14/08/2021).
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